Guiné Bissaú


Conhecendo a Guiné-Bissau


Kassumai é a saudação da etnia dos felupes, que significa: “a paz esteja contigo, desejo tudo de bom e de melhor para você”.

Guiné-Bissau
Guiné-Bissau é um país localizado na costa ocidental de África, faz fronteira, ao norte com Senegal e ao sul e oeste com Guiné Conakri. Além do território continental, o país integra ainda cerca de 40 ilhas que constituem o arquipélago dos Bijagós. Foi uma colônia de Portugal, desde o século XV até à sua independência, em 1974, portanto a língua oficial é o português, porém é falado por apenas 2% da população, a maioria das pessoas falam o crioulo e dialetos tribais próprio de cada etnia. O território é relativamente pequeno possui uma população aproximadamente de 1 milhão de habitantes e desses 44% são crianças.




Conheça a história da Evangelização na Guiné Bissau


Embora em linhas muito sumárias, começamos por apresentar aos leitores deste Anuário alguns tópicos significativos sobre o passado, o presente e o futuro próximo desta Igreja da Guiné-Bissau. Isso os ajudará seguramente a compreender melhor os elementos de informação que a seguir se apresentam e a entender o porquê do muito que se vem tentando fazer e sobretudo daquilo que ainda falta realizar nestas terras de missão.


1. Marcos históricos da Igreja na Guiné-Bissau :


A criação da Diocese de Bafatá, em 13-03-2001 (pela bula “Cum ad fovendam”), culminou um longo esforço de evangelização, que vem já pelo menos desde o séc. XVI. As etapas mais significativas dessa evangelização foram as seguintes:
1533 - Criação da Diocese de Cabo Verde, onde a "terra firme de Guiné” estava também incluída.
1867 - Criação do Vicariato Geral da Guiné, dependente da Diocese de Cabo Verde, mas já com certa autonomia.
1940 - Criação da Missão “sui iuris” da Guiné: independente da Diocese de Cabo Verde.
1955 - Criação da Prefeitura Apostólica da Guiné.
1977 - Criação da Diocese de Bissau, em 21-03-1977, tendo como primeiro Bispo o Franciscano italiano, Dom Settimio Arturo Ferrazzetta.
2000 - Ordenação episcopal do primeiro Bispo guineense, Dom José Câmnate na Bissign, em 12-02-2000.
2001 - Criação da Diocese de Bafatá, em 13-03-2001, tendo como primeiro Bispo o sacerdote brasileiro do PIME, D. Pedro Carlos Zilli.
2001 – Inauguração do Seminário Maior de Bissau, em 13 de Outubro.
2. A evangelização até à Independência da Guiné-Bissau (1533-1974):
Embora desde 1533 esteja criada a Diocese de Cabo Verde, que incluía também a "terra firme de Guiné”(apelidada também de "rios de Guiné”), deverá dizer-se no entanto que é sobretudo a partir de 1660 (fixação dos Franciscanos portugueses em Cacheu, e posteriormente em Bissau) que a evangelização da Guiné se começa a processar com carácter de suficiente regularidade.
Essa evangelização desenvolveu-se em estilo notoriamente itinerante , ou seja, com alguns poucos pontos de fixação (sobretudo nos hospícios de Cacheu e Bissau), e daí irradiando depois para diferentes pontos do território, com a agravante de que, até meados do séc. XVIII, a itinerância dos frades se espalhava muito para lá da Guiné-Bissau actual, atingindo a sul as costas da Serra Leoa e a norte as do Senegal. Os inícios da Evangelização no Senegal, Guiné-Conakry, Serra Leoa, etc., devem bastante a estes primeiros missionários itinerantes, partindo da atual Guiné-Bissau.
O número dos missionários franciscanos da primeira missão franciscana (l660-1834) foi sempre reduzido embora permanente, raramente ultrapassando a dezena de frades, espalhados por Cacheu, Farim, Geba, Bissau, Ziguinchor.
Papel também de certa importância deve ser dado aos Padres seculares , sobretudo no séc. XIX. Enviados por Portugal, alguns deles eram naturais de Cabo Verde e de Goa. Naturais da actual Guiné-Bissau foram bastante poucos e quase todos do séc. XIX. Para a história, retenham-se os nomes dos seguintes sacerdotes Guineenses: dois filhos do rei Becampolo Có de Bissau (fins do séc. XVII), um deles chamado Francisco Costa; João Pereira Barreto; António Sanches da Gama; Filipe da Silva Pinto; Valentim da Costa Barradas; Manuel Nicolau de Pina Araújo; e sobretudo Marcelino Marques de Barros e Henrique Lopes Cardoso.
Em 1932 regressaram à Guiné os Franciscanos Portugueses, em sua Segunda Missão nestas terras, que ainda prossegue. Depois deles, entraram os Padres do P.I.M.E. (1947) e os Franciscanos da Província italiana de Veneza (1955).
Também as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesas regressaram (porque já tinham estado em Bolama de 1893 a 1900, voltando em 1933), e igualmente as Irmãs do Santo Nome de Deus (1969) vieram dar o seu contributo, bem como as Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria (1970).
Desde 1940 foi entregue à Igreja a responsabilidade das Escolas Primárias Não-Oficiais ("Rudimentares", “Indígenas”). A evangelização passou a fazer-se fundamentalmente através dessa Escola: o professor primário das Escolas Missionárias era também o catequista da Missão, e a própria Escola era aproveitada como local privilegiado para o ensino da catequese. Esta fase do professor-catequista era seguramente uma fase melhor que a fase antes de 1940, mas a catequese não ficava ainda suficientemente autonomizada, nem era dada nas condições mais convenientes, deixando praticamente de fora a catequese dos Adultos (que naturalmente não frequentavam a Escola).
Além da evangelização através da Escola, as Missões Católicas tiveram desde 1932 em diante um papel notável no campo da Assistência e da Promoção Social . Bastará recordar o papel da leprosaria de Cumura (desde 1955) e de tantos pequenos centros de saúde, praticamente em todas as Missões onde estavam Religiosas. Igualmente variados internatos dirigidos pelas missões, onde sobressaiu (e de que maneira!) o Internato de Bor. Igualmente é de salientar a fundação e duração do jornal “0 Arauto", que chegou a ser diário e durou 25 anos seguidos. Na respectiva "Tipografia das Missões” se valorizaram vários trabalhadores guineenses. O mesmo se diga de algumas Escolas-Carpintarias, a melhor das quais terá sido provavelmente a da missão de Cumura.
3. Evangelização após a Independência da Guiné-Bissau, criação das Dioceses de Bissau (1977) e Bafatá (2001), e Jubileu da Diocese de Bissau (2007) :
A seguir à Independência (proclamada unilateralmente pela Guiné em 24 de Setembro de 1973 e reconhecida oficialmente por Portugal um ano depois), as Escolas são nacionalizadas e consequentemente não poderão continuar a ser o veículo preferencial da evangelização, já que o Estado da Guiné-Bissau se apresentou como um Estado “laico”, que não quer dizer necessariamente hostil à Religião, mas sim alheio a ela e não devendo privilegiar nenhuma das Religiões existentes.
A evangelização passa então a autonomizar-se completamente em relação à Escola, e alarga seus horizontes. Poderemos caracterizar a Igreja Guineense nestes anos após a Independência:


a) - Maior irradiação pelo interior do País:
Após a criação da Diocese, abriram-se Missões novas fora das praças principais, nomeadamente: Bedanda, Tite, Catió, Ingoré, Bajob, Empada, Buba, Bigene, Gabú etc. Estas Missões novas, bem como as mais antigas já existentes em várias praças do País, estenderam-se por variadas tabancas à volta do centro da Missão, o que alarga em muito o seu real campo de acção. Os Adultos foram agora atingidos duma maneira muito mais visível e altamente promissora para o enraizamento da fé nestas paragens.


b)- Maior número de Institutos Religiosos:


Em 1974 os Institutos Religiosos masculinos na Guiné eram três, e os Femininos também. Hoje, os masculinos são já seis e os Femininos são dezanove, embora cada um deles tenha um número reduzido de membros!


c)- Esforço por linhas comuns de pastoral:


Dada a variedade de Institutos, provenientes de diferentes países e culturas, tem vindo a fazer-se um esforço considerável para um caminho diocesano em comum. Nesse sentido, foi possível em 1988 aprovar as primeiras linhas pastorais comuns, embora ainda em aspectos parcelares.
Na segunda Assembleia do Pessoal Missionário (Junho de 1991) foi possível assentar-se num objectivo comum a curto prazo (formação de comunidades vivas), bem como na escolha de duas prioridades a curto prazo (formação dos agentes de pastoral e valorização do caminho catecumenal), para mais rápida e seguramente se poder caminhar para o dito objectivo comum.
Na Primeira Assembleia Diocesana de Pastoral, em Junho de 1996, foi possível assentar num Objectivo geral (estabelecimento gradual da "Igreja-Família") e em quatro objectivos específicos (formação de pequenas comunidades vivas, inculturação, formação de todos os agentes de pastoral, pastoral familiar). A partir de 1998, começou a fazer-se regularmente, com delegados representativos de toda a Diocese, a avaliação do ano pastoral cessante e a programação atempada do ano pastoral seguinte.
E, na Assembleia Diocesana de Outubro de 2001, os objectivos específicos foram elevados para seis (acrescentando aos quatro de 1996 mais dois, a saber: pastoral da Juventude e Adolescência, e Diálogo inter-religioso e inter-étnico para a Justiça, Paz e Reconciliação na Guiné-Bissau. A 1 de Novembro de 2001 o Bispo D.José Câmnate promulgou o “Projecto Diocesano. Objectivos e Acções” E em 12 de Outubro de 2002, em celebração litúrgica comemorativa do 25º aniversário da criação da Diocese de Bissau, foi dado solenemente início à execução desse Projecto Diocesano (que se estenderá por um período de seis anos), difundindo igualmente nessa altura os “Estatutos dos órgãos diocesanos de pastoral não contemplados no Código de Direito Canónico”, bem como o Organigrama da Diocese. É uma nova etapa que se iniciou.


d)- Intensificação do trabalho vocacional:
No momento da Independência havia apenas um Seminário Menor Diocesano. Neste momento existem já dois Seminários menores (actualmente o Diocesano conta com dezoito alunos e o Franciscano com vinte) e um Seminário Maior em Bissau. Os seminaristas de Filosofia e Teologia, tanto diocesanos como franciscanos, que antes eram obrigados a ir respectivamente para o Senegal, Costa do Marfim e Togo, têm agora a possibilidade duma formação filosófico-teológica dentro da Guiné-Bissau.
Em 1977 não havia nenhum sacerdote natural da Guiné: hoje há já um Bispo e trinta e três Padres, bem como dois Religiosos não-clérigos. O mesmo se diga em relação às Religiosas naturais desta terra, que agora já são trinta e uma. Para as vocações femininas, teve real importância a abertura da Casa de Formação Diocesana (em Bissau 1981), secundada posteriormente por algumas Casas semelhantes de vários Institutos Femininos. Motivo de importante significado eclesial e de grande esperança foi também a erecção do Instituto Diocesano "Irmãs do Divino Espírito Santo para a Evangelização” (30 de Maio de 1993), com a entrada oficial das jovens candidatas na Casa de Formação em 19 de Setembro de 1993. Nos primeiros passos deste Instituto nascente, as “Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Maria" (Senegal) estão dando uma preciosa colaboração, em atitude de grande desprendimento e solidariedade eclesiais. Neste momento, o Instituto tem já sete professas temporárias.


e)- Trabalho de Evangelização e de Promoção Social:
Embora virada prioritariamente para a evangelização explícita, a Igreja Guineense tem tido, sobretudo após a criação da Diocese de Bissau, um papel activo nos domínios da Saúde e do Ensino. Cada posto missionário, sobretudo onde estejam Religiosas, é normalmente também um pequeno posto de saúde para a população local e um centro de promoção feminina. A Diocese de Bissau possui quatro Hospitais e uma modelar Leprosaria, bem como 11 Centros de saúde e 6 Centros de recuperação nutricional.
No Ensino, as Dioceses de Bissau e Bafatá possuem três Liceus próprios e duas Escolas Profissionais. A nível de Ensino Primário e Pré-primário (Infantil), as Dioceses têm já a responsabilidade prática de pelo menos 50 Escolas. Passo particularmente importante foi dado em 04 de Novembro de 1993 com a assinatura do Protocolo de Acordo entre o Ministério da Educação Nacional da Guiné-Bissau e a Diocese de Bissau , referente à recuperação de algumas Escolas que tinham sido da Igreja e tomadas pelo Estado no momento da Independência. O mesmo aconteceu em relação à Saúde, com o Protocolo de Cooperação assinado entre o Ministério da Saúde Pública e a Diocese em 05 de Novembro de 1993.


f)- Melhoramento das estruturas diocesanas de pastoral:
Na segunda Assembleia do Pessoal Missionário (1991) foi possível assentar numa estruturação fundamental da Diocese no campo pastoral, sobretudo no referente ao papel do Secretariado Diocesano de Pastoral e à figura do Delegado do Bispo para a Pastoral nos Sectores. Algum tempo depois (30-8-91) o Bispo da Diocese de Bissau criava efectivamente esse Secretariado, e em 31 de Agosto nomeava para primeiro Vigário Episcopal para a Pastoral o sacerdote guineense, Padre José Câmnate na Bissign, hoje Bispo da Diocese.


Continuando a aprofundar o caminho duma melhor estruturação pastoral da Diocese, extinguiu-se em 03 de Novembro de 1993 o Secretariado Diocesano de Pastoral e foram criados, em sua substituição, dois Secretariados Diocesanos: um para a Evangelização e outro para a Promoção Social, ambos na dependência do Vigário Episcopal para a Pastoral. Esta divisão, porém, por falta de pessoal disponível, não deu os resultados esperados. Em 1 de Novembro de 2001, o bispo D.José Câmnate aprovava finalmente o novo “Projecto Diocesano – Objectivos e acções” e, em 12 de Outubro de 2002, aprovava também os “Estatutos dos órgãos diocesanos de pastoral não contemplados no Código de Direito Canónico”. Deste modo, se conseguiu estabelecer com clareza a estruturação da pastoral diocesana para os próximos seis anos, regressando-se a um Secretariado Diocesano de Pastoral, mas agora muito mais representativo e abrangente em relação a Comissões diocesanas e sectores de pastoral. Este Secretariado oficialmente criado a 16 de Outubro de 2003.


g)- Inauguração do Seminário Maior de Bissau :
Em 13 de Outubro de 2001, foi finalmente possível inaugurar oficialmente o Seminário Maior de Bissau, um sonho do Bispo D. Settimio Ferrazzetta, que infelizmente não conseguiu ver realizado ainda durante a sua vida, mas para cuja concretização tanto trabalhou. O Seminário abriu apenas com o 1º Ano do Curso propedêutico, tendo por Reitor o Padre Domingos Cá. Este primeiro Curso foi frequentado por 14 Seminaristas, sendo 9 diocesanos, dois josefinos, dois do Preciosíssimo Sangue e um franciscano.
Atualmente, o Seminário Maior tem Curso Propedêutico (agora é apenas um ano), 1º e 2º Ano de Filosofia, 1º, 2º e 3º Ano de Teologia, contando com um total de 37 alunos (11 no Ano Propedêutico, 5 no 1º e 5 no 2º Ano de Filosofia, 1 no 1º Ano de Teologia, 2 no 2º Ano de Teologia e 13 no 3º Ano de Teologia), sendo 18 diocesanos (8 da Diocese de Bissau, 9 da Diocese de Bafatá e 1 da Diocese de Kolda, Casamança), 10 franciscanos, 9 do Preciosíssimo Sangue. Muito se espera deste Seminário Maior, tão importante para a vida das duas dioceses e para uma melhor formação filosófico-teológica de Religiosos(as) e mesmo de leigos cristãos mais empenhados.


h)- Criação da Diocese de Bafatá e entronização de seu primeiro Bispo (2001):
Em 13 de Março de 2001, a Santa Sé criou a Diocese de Bafatá (compreendendo as Regiões de Bafatá, Gabú, Quinara e Tombali, bem como a ilha de Bolama) e nomeou como seu primeiro Bispo o sacerdote do PIME, Reverendo Padre Pedro Carlos Zilli. Este seria consagrado em sua cidade natal (no Brasil) e faria sua entrada oficial em Bafatá e tomada de posse em 18 de Agosto do mesmo ano 2001. Foi um dia memorável, com muita participação de cristãos de toda a Guiné-Bissau, com presença de autoridades civis e de alguns membros de outras religiões.
O ano de 2001, com a criação desta segunda Diocese, representa indiscutivelmente um marco histórico na vida da Igreja na Guiné-Bissau e todas as esperanças ficam agora renovadas para um futuro mais risonho na evangelização e promoção social das gentes do leste e do sul deste país.


i)- 25º (2002) e 30º (2007) Aniversários da Diocese de Bissau(criada a 21 de Março de 1977 pelo Papa Paulo VI)
Em 2002 a Diocese de Bissau celebrou o seu Jubileu (1977 – 21 de Março – 2002). Cinco ano depois, em 2007, foi comemorado o 30º aniversário da criação da Diocese: trinta anos de história, de " acontecimentos e vicissitudes que levaram a nossa Igreja a adquirir um rosto, uma voz, um perfil próprio " (D. José Câmnate).


j) 3ª Assembleia Diocesana de Pastoral (26-30 de Maio de 2008)
Durante vários meses toda a comunidade diocesana esteve empenhada em preparar um evento importante da sua caminhada de fé: a 3ª Assembleia Diocesana de Pastoral , que se realizou em Brá nos dias 26 a 30 de Maio de 2008, cujo lema foi: " Para crescermos como Igreja-Família de Deus, quatro pilares essenciais: Comunhão, Liturgia, Testemunho e Serviço ". Isso, segundo as palavras do Bispo de Bissau, " para dar nova vitalidade às nossas comunidades, desenvolvendo nelas uma dupla fidelidade: a Deus e ao Homem ". As propostas e recomendações saídas desta Assembleia constituem a base para um Plano de Acção Pastoral da nossa Diocese para os próximos anos.


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